O Papel do Folclore na Educação e na Formação da Identidade Cultural
- Felipe Diniz
- há 7 dias
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Introdução
O folclore é um dos principais patrimônios imateriais da humanidade, representando o conjunto de saberes, crenças, mitos, lendas, costumes, danças, músicas e expressões transmitidas de geração em geração. No Brasil, a riqueza cultural do folclore se expressa na diversidade étnica e histórica que compõem a identidade nacional. Como afirma Souza (2023), o estudo do folclore nas escolas não deve se restringir a uma data comemorativa, mas sim ser compreendido como um recurso pedagógico essencial para a valorização da diversidade cultural e para a formação cidadã.
O termo “folklore” foi criado em 1846 por William John Thoms, significando “saber do povo” (folk = povo; lore = saber). No Brasil, a data de 22 de agosto celebra o Dia do Folclore, reforçando a importância da preservação dessas manifestações culturais.
Elementos do Folclore Brasileiro
O folclore brasileiro resulta da fusão de tradições indígenas, africanas e europeias. Entre seus principais elementos, destacam-se:
Lendas e mitos: Saci-Pererê, Curupira, Iara, Boitatá, Negrinho do Pastoreio, Cuca, Lobisomem, Mula sem Cabeça, entre outros.
Festas populares: Bumba meu boi, Festas Juninas, Círio de Nazaré, Carimbó.
Danças e músicas: Frevo, maracatu, baião, congada, cantigas de roda.
Culinária: Receitas regionais que resgatam práticas ancestrais e fortalecem a identidade local.
Artesanato: Cestaria, cerâmica, bordados e esculturas.
Cada manifestação carrega valores simbólicos e narrativas que conectam as comunidades à sua história e à memória coletiva (Halbwachs, 2006).
Folclore, Educação e Identidade Cultural
De acordo com Souza (2023), o folclore pode ser utilizado como ferramenta pedagógica para promover a educação intercultural, incentivando o respeito às diferenças e a valorização das identidades múltiplas que coexistem no Brasil.
A inserção do folclore no currículo escolar contribui para:
Formação da identidade cultural: resgatando raízes e tradições.
Memória histórica: garantindo a continuidade dos saberes ancestrais.
Inclusão social: reconhecendo a diversidade cultural de comunidades marginalizadas.
Engajamento criativo: estimulando música, teatro, literatura e artes plásticas.
Monteiro Lobato foi um dos primeiros a explorar o folclore na literatura infantil brasileira, como em O Saci. Mais tarde, Ziraldo, com A Turma do Pererê, ressignificou o personagem de forma lúdica e educativa. O estudo de Silva et al. (2021) mostra que essas obras, embora com diferentes perspectivas, aproximaram crianças do universo folclórico, tornando-o acessível e atrativo.
Folclore na Atualidade: Desafios e Potencialidades
Nos últimos anos, a globalização e o avanço das mídias digitais têm modificado a forma como as tradições folclóricas são transmitidas. Segundo Traverzim (2015), a internet e a indústria cultural criaram novas formas de entretenimento que, muitas vezes, afastam crianças das brincadeiras tradicionais.
No entanto, as plataformas digitais também podem ser aliadas na preservação do folclore, promovendo:
Produções audiovisuais sobre lendas e mitos.
Jogos educativos que valorizam personagens folclóricos.
Projetos interativos em escolas que unem tecnologia e tradição.
Exemplo disso são as iniciativas de gamificação na educação, que utilizam personagens como Saci e Curupira em jogos digitais para ensinar história, ecologia e cidadania.
Considerações Finais
O folclore é mais do que um conjunto de histórias ou práticas culturais: ele é identidade, memória e resistência. Sua inserção na educação amplia a compreensão da diversidade brasileira e fortalece o sentimento de pertencimento. Como afirma Brandão (2006), o folclore é uma expressão viva, que se recria continuamente e deve ser respeitado como patrimônio cultural.
Assim, ao integrar o folclore às práticas pedagógicas e às mídias contemporâneas, contribui-se para que as novas gerações mantenham vivas as tradições, reinventando-as em diálogo com a modernidade.
Referências
BRANDÃO, C. R. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 2006.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
SILVA, A. C. et al. O folclore na literatura infantil brasileira: uma comparação entre “O Saci”, de Monteiro Lobato e “A Turma do Pererê”, de Ziraldo. Cadernos da Fucamp, v.20, n.43, p.143-164, 2021.
SOUZA, F. E. S. Educação e cultura: o folclore como possibilidades pedagógicas. Goiânia: PUC Goiás, 2023. T
RAVERZIM, C. Cultura e sociedade na era digital. São Paulo: Contexto, 2015.
UNESCO. Carta do Folclore Brasileiro. Salvador: Congresso Brasileiro de Folclore, 1986.