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BNCC Computação e Inteligência Artificial: o que muda a partir de 2026 e como as redes podem se preparar

*Artigo desenvolvido por: Thalia Fernandes - Especialista em Educação.



Introdução – BNCC Computação & Inteligência Artificial


A inclusão da Computação na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representou um avanço significativo ao reconhecer que o pensamento computacional, a cultura digital e a compreensão do mundo digital são dimensões essenciais da formação integral dos estudantes. Com a intensificação do uso de tecnologias digitais e, mais recentemente, da Inteligência Artificial (IA), o debate educacional passou a exigir maior clareza sobre como essas tecnologias devem ser compreendidas, utilizadas e ensinadas na Educação Básica.


A IA já está presente em sistemas de recomendação, plataformas educacionais, aplicativos e processos de tomada de decisão. Diante disso, o desafio das escolas não é apenas tecnológico, mas pedagógico, ético e curricular. É nesse contexto que se fortalece a relação entre a BNCC Computação e a Nota Técnica complementar sobre Inteligência Artificial, que orienta redes de ensino sobre como aprofundar esse trabalho de forma estruturada.


O que é a Nota Técnica de Inteligência Artificial – contextualização


A Nota Técnica BNCC Computação e Inteligência Artificial foi elaborada pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com o Instituto IA.Edu e a Cátedra UNITWIN UNESCO de Inteligência Artificial Desplugada na Educação. O documento é direcionado principalmente a técnicos das Secretarias de Educação e a profissionais envolvidos na atualização dos referenciais curriculares das redes de ensino.


De acordo com o próprio texto oficial, a nota tem como objetivo “aprofundar e expandir o trabalho com a Inteligência Artificial ao longo dos diferentes eixos e níveis de ensino, de forma transversal e integrada”, tomando a BNCC Computação como base estruturante. O documento não propõe um novo currículo, nem substitui a BNCC, mas oferece orientações práticas para que redes e escolas incorporem a IA de maneira coerente com os referenciais nacionais.


Além disso, a nota articula referências nacionais e internacionais e contribui para que os sistemas educacionais promovam inovação pedagógica, equidade digital e autonomia docente, respeitando os formatos curriculares já adotados e as realidades locais das redes.


Cinco dimensões estruturantes para o trabalho com IA na Educação Básica


Enquanto a BNCC Computação organiza suas aprendizagens em três eixos estruturantes — Pensamento Computacional, Cultura Digital e Mundo Digital —, a nota técnica de Inteligência Artificial propõe um modelo complementar, organizado em cinco dimensões. Essas dimensões funcionam como um guia pedagógico para a integração da IA ao currículo.


1. Letramento em Inteligência Artificial

Essa dimensão envolve compreender o que é a IA, onde ela está presente e como funciona. O foco está na alfabetização em IA, promovendo uma compreensão inicial que permita aos estudantes reconhecerem sistemas automatizados e analisarem seus usos no cotidiano.


2. O papel dos dados

Aqui, o documento destaca que os dados são a base do funcionamento da Inteligência Artificial. São discutidos temas como coleta, uso, qualidade e impacto dos dados, além de questões relacionadas à privacidade, à proteção de informações e aos vieses algorítmicos.


3. Como a IA “pensa”

Essa dimensão propõe explorar, de forma progressiva e adequada à faixa etária, as lógicas computacionais, algoritmos e modelos que sustentam a IA. O objetivo não é o aprofundamento técnico, mas a compreensão dos processos que orientam decisões automatizadas.


4. IA na sociedade

Voltada à reflexão crítica, essa dimensão aborda os impactos sociais, culturais e éticos da IA. São discutidos temas como responsabilidade, transparência, justiça algorítmica, direitos e cidadania digital, em consonância com a Cultura Digital prevista na BNCC.


5. Criando com IA

Por fim, a quinta dimensão incentiva a aplicação prática dos conhecimentos, estimulando o desenvolvimento de soluções baseadas em problemas reais. A IA é entendida como ferramenta para criação, experimentação e resolução de desafios contextualizados.


Segundo Camila Wasserman, pesquisadora do Instituto IA.Edu e coautora da nota, essa organização permite trabalhar a IA “de forma transversal e contextualizada, sem precisar reinventar o plano pedagógico”. Já Tiago Thompsen Primo, também coautor do documento, destacou que “o mapeamento das competências de IA estruturado em cinco dimensões permite alinhar as aprendizagens à intencionalidade pedagógica e aos contextos das redes de ensino”.


O que muda para escolas e redes a partir de 2026


A partir de 2026, a BNCC Computação torna-se obrigatória nos currículos escolares de todas as escolas brasileiras, públicas e privadas. Esse marco não representa um período de transição, mas a exigência formal de implementação do documento nos sistemas de ensino, conforme as diretrizes do Ministério da Educação.


Nesse cenário, o trabalho com Inteligência Artificial deixa de ser opcional e passa a integrar, de forma estruturada, o currículo alinhado à BNCC Computação. Durante o Seminário “IA na Educação Básica: Construindo Referenciais Nacionais”, promovido pelo MEC, foi ressaltado que educar na era da IA exige planejamento sistêmico, alinhamento curricular e investimento contínuo em formação docente.


Como destacado no evento, “educar na era da inteligência artificial requer uma nova alfabetização digital, ética e cognitiva”, em que inovação e responsabilidade caminham juntas.

O papel da formação docente nesse cenário


Todos os documentos e debates sobre Inteligência Artificial na educação convergem em um ponto central: a formação de professores é determinante para o sucesso da implementação. A nota técnica reforça que não se trata apenas de capacitação tecnológica, mas de um processo formativo que articule currículo, ética, prática pedagógica e contexto social.


Para Maria Alice Carraturi, doutora em Educação pela USP e cofundadora do Instituto IA.Edu, a BNCC Computação, a educação digital e o trabalho com IA “não são currículos apartados”, mas documentos que dialogam e se complementam, respeitando o ritmo e a realidade de cada rede.


Seiji Isotani, presidente da Cátedra UNESCO de IA Desplugada na Educação, enfatiza que o Brasil precisa construir uma cultura tecnológica que una inovação e inclusão, defendendo metodologias acessíveis, inclusive para escolas com limitações de infraestrutura e conectividade.


Como a Jovens Gênios já atua com IA e BNCC Computação


Alinhada às exigências curriculares que se tornam obrigatórias a partir de 2026, a Jovens Gênios já atua de forma consistente com a BNCC Computação, apoiando professores da Educação Básica na compreensão e aplicação do documento.


A Formação Continuada da Jovens Gênios contempla uma série de cursos específicos sobre a BNCC Computação, entre eles:


  • BNCC e Computação Desplugada;

  • BNCC Computação nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental;

  • BNCC Computação nos Anos Finais do Ensino Fundamental.


Além disso, a plataforma da Jovens Gênios disponibiliza uma ferramenta de plano de aula por Inteligência Artificial, que permite aos professores criar planos pedagógicos personalizados, considerando seu contexto escolar e utilizando como base as habilidades previstas nos documentos oficiais da BNCC, incluindo a BNCC Computação e a nota técnica de IA.


Dessa forma, professores que já utilizam as soluções da Jovens Gênios já têm contato prático com IA, não apenas como recurso tecnológico, mas como apoio ao planejamento pedagógico alinhado às diretrizes nacionais.


Conclusão


A Nota Técnica BNCC Computação e Inteligência Artificial representa um avanço fundamental para orientar escolas e redes diante da obrigatoriedade curricular a partir de 2026. Ao propor cinco dimensões estruturantes, o documento oferece um caminho claro e prático para integrar a IA ao currículo, sem romper com os fundamentos da BNCC Computação.


Nesse contexto, investir em formação docente, planejamento pedagógico e uso ético das tecnologias torna-se indispensável. Com atuação alinhada a esses princípios, a Jovens Gênios reafirma seu compromisso com uma educação que une inovação, equidade e responsabilidade, apoiando escolas e professores na implementação efetiva da BNCC Computação e da Inteligência Artificial na Educação Básica.


Referências e indicação de leitura


Este artigo foi construído com base em documentos oficiais do MEC e materiais produzidos pelos responsáveis pela elaboração da Nota Técnica BNCC Computação e Inteligência Artificial. Para leitura complementar, acesse:


 
 
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