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BNCC e as Dimensões Socioemocionais



Introdução


A educação socioemocional tem ganhado destaque como um pilar essencial no desenvolvimento integral dos estudantes, considerando que a formação acadêmica vai além das competências cognitivas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece essa dimensão ao incorporar diretrizes que visam o desenvolvimento emocional, social e ético dos alunos.


O documento, aprovado em 2017, alinha-se às Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica e a iniciativas globais, como a Agenda 2030 da ONU, que busca um desenvolvimento sustentável por meio da educação. Este artigo explora a intersecção entre a BNCC e a educação socioemocional, abordando seus fundamentos, aplicação nas diferentes áreas do conhecimento e os desafios de sua implementação no contexto educacional brasileiro.


A BNCC e a Educação Socioemocional


A BNCC compreende a educação socioemocional como um aspecto transversal ao aprendizado, incorporado em todo o documento de maneira ampla e essencial. A competência geral 8 explicita esse compromisso ao afirmar:


"Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas." (BNCC, 2017)


A BNCC define competência como "a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para lidar com desafios complexos do cotidiano, exercer plenamente a cidadania e atuar no mundo do trabalho" (BRASIL, 2013). Esse conceito reforça a ideia de que a aprendizagem vai além da compreensão de conteúdos, exigindo um desenvolvimento integral que envolva aspectos emocionais e sociais.


Nesse sentido, a BNCC ressalta que a educação deve "afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza" (BRASIL, 2013). Isso significa que a educação socioemocional nas escolas desempenha um papel crucial nesse processo, pois vai além do ensino de conteúdos acadêmicos, promovendo o desenvolvimento da resiliência, da empatia e da capacidade de tomar decisões responsáveis.


Dessa forma, ao incorporar a educação socioemocional, a BNCC fortalece a formação de cidadãos preparados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Além disso, como o Brasil participa de agendas internacionais, precisa atender a requisitos estabelecidos em nível global. Nesse contexto, essa abordagem está alinhada à Agenda 2030 da ONU, que propõe uma educação voltada para o desenvolvimento sustentável, promovendo equidade e bem-estar global.


As 10 Competências da BNCC e Diversas Competências Socioemocionais


O Ebook "Competências socioemocionais: A importância do desenvolvimento e monitoramento para a educação integral", disponibilizado pelo Instituto Airton Senna, apresenta possibilidades de aplicação das competências socioemocionais por meio das 10 competências gerais da BNCC. Isso significa que há diversas oportunidades para integrá-las ao cotidiano escolar.


Educação Infantil e as Dimensões Socioemocionais


A BNCC destaca a importância do desenvolvimento socioemocional na Educação Infantil, garantindo que as crianças adquiram competências essenciais para a vida em sociedade desde os primeiros anos escolares.


Os Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento asseguram que as crianças tenham experiências significativas ao longo do processo educativo, permitindo-lhes:


  • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”.


  • “Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens”.


  • “Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.” (Brasil, 2017, p.38)


A concepção de criança na BNCC a reconhece como um ser ativo no processo de aprendizagem, que observa, questiona, formula hipóteses e se apropria do conhecimento por meio de interações e experiências concretas. Dessa forma, a aprendizagem deve ser compreendida como um processo natural e espontâneo, que se torna ainda mais enriquecedor quando mediado por práticas pedagógicas intencionais e significativas.


A organização curricular da Educação Infantil está estruturada em cinco campos de experiências, que articulam as vivências do cotidiano com os conhecimentos que compõem o patrimônio cultural.


Esses campos permitem que as crianças explorem o mundo de maneira lúdica e interativa, assegurando-lhes o direito de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, promovendo assim seu desenvolvimento integral. Inclusive, a prática da inteligência emocional embora não esteja explicitamente mencionada no documento, está entrelaçada a esse processo, pois sua prática está alinhada com os princípios da BNCC para a Educação Infantil, pois possibilita que as crianças desenvolvam habilidades como o autocontrole, a empatia e a cooperação desde a primeira infância, fortalecendo a construção de relações saudáveis e significativas no ambiente escolar e social.


Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais) e as Dimensões Socioemocionais


O Ensino Fundamental é uma fase essencial da Educação Básica, caracterizada por intensas transformações no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Para garantir uma aprendizagem contínua e significativa, a BNCC propõe currículos que integrem aspectos cognitivos e socioemocionais, preparando os estudantes para os desafios acadêmicos e sociais.


"O Ensino Fundamental, é a etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14 anos. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao longo desse período, passam por uma série de mudanças relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010), essas mudanças impõem desafios à elaboração de currículos para essa etapa de escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem na passagem não somente entre as etapas da Educação Básica" (Brasil, 2017).


Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC enfatiza a importância da aprendizagem lúdica e da continuidade das experiências da Educação Infantil. Essa transição deve ocorrer gradualmente, permitindo que os estudantes ampliem sua interação com o mundo e desenvolvam habilidades essenciais para interpretar e questionar os fenômenos ao seu redor. Além disso, a abordagem pedagógica deve considerar os interesses e vivências dos estudantes, favorecendo o desenvolvimento de operações cognitivas mais complexas, ampliando sua percepção do mundo e sua capacidade de expressão e atuação.


"Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente." (Brasil, 2017)


Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, os estudantes enfrentam desafios mais complexos, exigindo a retomada e ressignificação das aprendizagens adquiridas nos Anos Iniciais para aprofundar e ampliar seus repertórios. Além disso, essa fase demanda o fortalecimento da autonomia dos adolescentes, proporcionando-lhes condições para interagir criticamente com diferentes fontes de informação e desenvolver um pensamento analítico mais refinado.


"Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários componentes curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes. Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação. Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária que corresponde à transição entre infância e adolescência, marcada por intensas mudanças decorrentes de transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais." (Brasil, 2017)


Ensino Médio e as Dimensões Socioemocionais


Em seu documento oficial, a BNCC destaca, nos tópicos


  • Linguagens e suas Tecnologias

"Para tanto, prevê que os estudantes desenvolvam competências e habilidades que lhes possibilitem mobilizar e articular conhecimentos desses componentes simultaneamente a dimensões socioemocionais, em situações de aprendizagem que lhes sejam significativas e relevantes para sua formação integral." (BNCC, 2017)


  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias

No ensino médio, a área de Ciências da Natureza contempla a educação socioemocional na Competência Específica 2:


"Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis."


Além disso, a habilidade EM13CNT207 prevê que os estudantes devem:


"Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, emocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar."


Essas diretrizes demonstram que a BNCC compreende o Ensino Médio como uma fase em que os estudantes devem não apenas aprofundar seus conhecimentos acadêmicos, mas também desenvolver um olhar crítico e ético sobre a realidade. A incorporação das dimensões socioemocionais no currículo contribui para a construção de cidadãos mais preparados para os desafios do mundo moderno, capacitando-os a agir com responsabilidade, autonomia e empatia em diferentes contextos sociais e profissionais.


Outras Políticas Relacionadas e ao Pilar Socioemocional


  • As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica

Esse documento também reconhece a importância da educação socioemocional. Segundo as Diretrizes:


"A escola precisa acolher diferentes saberes, diferentes manifestações culturais e diferentes óticas, empenhar-se para se constituir, ao mesmo tempo, em um espaço de heterogeneidade e pluralidade, situada na diversidade em movimento, no processo tornado possível por meio de relações intersubjetivas, fundamentada no princípio emancipador." (Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, p. 27)


"Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos de aprendizagem, emocionais, culturais e identitários é um princípio orientador de toda a ação educativa, sendo responsabilidade dos sistemas a criação de condições para que crianças, adolescentes, jovens e adultos, com sua diversidade, tenham a oportunidade de receber a formação que corresponda à idade própria de percurso escolar." (Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, p. 69)


A BNCC faz referência a esse documento ao longo de todo o texto, reconhecendo sua importância na definição de diretrizes educacionais que reforçam o desenvolvimento socioemocional como parte fundamental do processo de ensino e aprendizagem.


  • CNE e a BNCC

Ao longo de seu texto, a BNCC apresenta diversos pareceres, a próxima citação é referente a dimensão socioemocional. Esses pareceres ressaltam a importância do desenvolvimento integral dos estudantes, considerando a ampliação dos vínculos sociais, das habilidades intelectuais e da autonomia na tomada de decisões éticas e morais.


"Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos, as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a capacidade de descentração, “importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, 2010).


Considerações Finais


A BNCC e outros documentos normativos consolidam a necessidade de integrar a educação socioemocional ao currículo escolar, promovendo o desenvolvimento de competências que capacitam os estudantes a lidar com desafios contemporâneos. Para que essa integração seja eficaz, é essencial que escolas, professores e gestores educacionais implementem estratégias pedagógicas que considerem o aspecto emocional da aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento integral dos alunos e garantindo uma educação mais significativa e humanizada.


Nesse contexto, a plataforma Jovens Gênios se destaca ao alinhar suas práticas às diretrizes da BNCC, oferecendo o Planeta Socioemocional, um ambiente interativo que promove o desenvolvimento de habilidades como autonomia, autoconhecimento, respeito às regras, colaboração e capacidade de enfrentar desafios. Por meio de experiências gamificadas, os estudantes são incentivados a tomar decisões, resolver problemas e aprimorar suas competências socioemocionais de forma dinâmica e engajadora.


Além disso, a plataforma disponibiliza ferramentas que utilizam inteligência de dados para acompanhar o progresso dos alunos, permitindo um ensino mais personalizado e adaptativo. Com desafios interativos, feedbacks contínuos e metodologias inovadoras, a Jovens Gênios contribui para que os estudantes não apenas ampliem seus conhecimentos acadêmicos, mas também desenvolvam competências essenciais para a vida em sociedade, preparando-se para os desafios do mundo moderno de maneira ativa e reflexiva.


Referências


  • BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, 2017.

  • BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.

  • ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

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