BNCC Computação na Educação Básica
- Felipe Diniz
- 6 de nov.
- 6 min de leitura
*Artigo desenvolvido por: Thalia Fernandes - Especialista em Educação.

A presença da BNCC Computação na Educação Básica representa um avanço expressivo na consolidação das competências digitais como parte essencial da formação dos estudantes brasileiros. Esse movimento ganhou força com a publicação do Parecer CNE/CEB nº 2/2022 e da Resolução CNE/CEB nº 1/2022, que oficializaram a obrigatoriedade da área nos currículos escolares, marcando um passo decisivo para a educação no país.
Entretanto, a Computação proposta pela BNCC vai muito além da introdução de um novo componente curricular. Ela propõe uma transformação de paradigma: compreender que Computação não se limita ao uso de telas, mas envolve pensar criticamente, resolver problemas e exercer a cidadania digital. Em outras palavras, a BNCC Computação não é sobre tecnologia, e sim sobre ensinar a pensar e preparar o estudante para viver e atuar de forma ética e responsável na era digital.
Essa mudança de perspectiva se torna ainda mais relevante diante da realidade brasileira. Segundo dados do IBGE (2022), 95% dos jovens entre 10 e 17 anos no Brasil estão conectados à internet. Contudo, apenas uma pequena parcela das escolas públicas utiliza a tecnologia de forma estruturada e pedagógica em sala de aula. Esse contraste revela a urgência de implementar a BNCC Computação na Educação Básica como ferramenta de transformação: é preciso converter o uso espontâneo — e muitas vezes superficial — da tecnologia em aprendizagem crítica e significativa.
Além disso, a Computação já faz parte do cotidiano em diversos setores da sociedade. Está presente no trânsito, por meio dos aplicativos de mobilidade; na agricultura, com sensores e satélites; na saúde, com sistemas digitais de prontuário e triagem; e até no lazer, com jogos e plataformas de streaming. Preparar os alunos para compreender e lidar com essas tecnologias é prepará-los para atuar como cidadãos plenos e conscientes em uma sociedade cada vez mais digital.
Essa obrigatoriedade também impacta diretamente as redes públicas de ensino. A partir de 2026, o cumprimento da BNCC Computação será um dos critérios de acesso ao VAAR (Valor Aluno Ano por Resultados) do FUNDEB, o que significa que a adequação dos referenciais curriculares a essa nova diretriz se torna determinante para a continuidade de repasses financeiros às redes de ensino. Assim, implementar a BNCC Computação deixou de ser uma tendência e passou a ser uma necessidade urgente.
Para além da exigência legal, a proposta pedagógica da Computação na BNCC se apoia em premissas que valorizam a ludicidade, a interação e a resolução de problemas como caminhos de aprendizagem. As experiências propostas estimulam as crianças a reconhecer padrões, criar e testar algoritmos, explorar interações com objetos computacionais e decompor problemas complexos em partes menores. Ao integrar esses processos ao currículo, o professor articula de maneira intencional os três eixos estruturantes da Computação: Pensamento Computacional, Mundo Digital e Cultura Digital.
Essa visão está alinhada a políticas públicas recentes, que reforçam a necessidade de incluir a Computação no cotidiano escolar. A Lei da Conectividade (Lei nº 14.172/2021, atualizada pela Lei nº 14.640/2023) garantiu investimentos em infraestrutura de internet nas escolas públicas, ampliando o acesso para fins pedagógicos. Paralelamente, a Política Nacional de Educação Digital (PNED), instituída pela Lei nº 14.533/2023, estabeleceu diretrizes para o letramento digital, a programação e a robótica, preparando os alunos para atuar de forma autônoma e crítica. Complementando esse cenário, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Decreto nº 11.713/2023) prevê a universalização da conectividade escolar até 2026.
Nesse contexto, a Resolução CNE/CEB nº 1/2022 define três formas de integrar a Computação aos currículos: como componente específico, como componente transversal ou por meio de um modelo híbrido, que combina as duas abordagens. Essa flexibilidade permite que cada rede de ensino construa soluções próprias, respeitando suas realidades e promovendo a colaboração entre estados e municípios.
BNCC Computação na Educação Infantil: ludicidade desplugada como ponto de partida
Na Educação Infantil, a Computação deve ser apresentada de maneira lúdica e integrada ao brincar, pois é nessa fase que a criança aprende explorando e experimentando o mundo ao seu redor. As experiências computacionais se conectam aos campos de experiência da BNCC e envolvem atividades como reconhecer padrões, criar algoritmos simples e resolver problemas por meio de jogos e brincadeiras desplugadas.
Essas práticas não exigem o uso de telas. Pelo contrário, favorecem o desenvolvimento do pensamento lógico e da criatividade por meio de histórias, músicas, dramatizações e atividades corporais, promovendo uma aprendizagem significativa e prazerosa. Além disso, oferecem oportunidades para abordar temas como uso saudável da tecnologia, tempo de tela e cidadania digital de forma contextualizada e acessível.
Diversas experiências já comprovam o potencial dessa abordagem. Em 2022, projetos apresentados na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) mostraram que crianças pequenas conseguiam compreender conceitos de algoritmos e sequências por meio de jogos e histórias estruturadas em etapas lógicas. Essas vivências não apenas desenvolvem habilidades cognitivas, mas também promovem empatia, cooperação e protagonismo, competências essenciais para a vida em sociedade.
Com base nesses princípios, a Formação Continuada Jovens Gênios desenvolveu um curso exclusivo para professores da Educação Infantil, que articula teoria e prática por meio de atividades desplugadas. O curso oferece videoaulas, infográficos, mapas mentais, artigos e práticas aplicáveis em sala de aula, transformando o brincar em um poderoso instrumento de aprendizagem em Computação.
BNCC Computação nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Ao avançar para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC Computação na Educação Básica consolida a Computação como um campo essencial para a formação integral dos estudantes. Nessa etapa, o foco não é ensinar linguagens de programação complexas, mas promover experiências significativas que estimulem a criatividade, o raciocínio lógico e o trabalho em equipe, além de favorecer uma compreensão crítica do impacto da tecnologia na vida cotidiana.
A BNCC estabelece sete competências gerais da Computação, válidas para toda a Educação Básica, que orientam o trabalho pedagógico. Entre elas, estão compreender a Computação como área de conhecimento que explica o mundo atual; reconhecer os efeitos dos artefatos computacionais; expressar ideias e soluções de forma criativa, crítica e ética; aplicar princípios da Computação para resolver problemas colaborativamente; avaliar soluções e processos; desenvolver projetos com base em princípios éticos e inclusivos; e agir com autonomia e responsabilidade no uso da tecnologia.
Essas competências reforçam a ideia de que a Computação é uma área interdisciplinar e formativa, que amplia o repertório tecnológico e promove o desenvolvimento da cidadania digital. Para organizar o ensino, a BNCC estrutura o conteúdo em três eixos — Pensamento Computacional, Mundo Digital e Cultura Digital —, desdobrados em objetos de conhecimento e habilidades específicas, sempre acompanhados de exemplos práticos de atividades.
Com o intuito de apoiar o trabalho docente, a Formação Continuada Jovens Gênios criou o curso Computação para Professores dos Anos Iniciais, voltado à prática pedagógica e à contextualização dos conceitos. A formação oferece metodologias ativas, estratégias inovadoras e recursos aplicáveis que ajudam o professor a incorporar a Computação de forma transversal e inspiradora.
BNCC Computação nos Anos Finais do Ensino Fundamental
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, a BNCC aprofunda os conceitos trabalhados nas etapas anteriores, ampliando a complexidade das atividades e dos conteúdos. Nessa fase, os estudantes são estimulados a desenvolver raciocínios mais abstratos, compreender o funcionamento das tecnologias e refletir sobre seu papel como cidadãos digitais.
A Computação se mantém organizada nos mesmos três eixos — Pensamento Computacional, Mundo Digital e Cultura Digital —, mas com abordagens mais densas e desafiadoras. O eixo Pensamento Computacional, por exemplo, evolui da criação de algoritmos simples para a resolução de problemas complexos, utilizando linguagens visuais e ambientes de blocos, como Scratch e MakeCode. Já o eixo Mundo Digital aprofunda conceitos relacionados à infraestrutura tecnológica, segurança da informação e armazenamento de dados, enquanto o eixo Cultura Digital enfatiza a análise crítica das mídias, a construção da identidade online e a responsabilidade no uso da tecnologia.
Para apoiar o trabalho dos educadores, a Formação Continuada Jovens Gênios oferece um curso específico para professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental. A proposta é auxiliar o docente a aplicar a BNCC Computação de forma efetiva, interdisciplinar e inovadora, por meio de metodologias ativas e de uma abordagem que conecta teoria e prática.
Um começo para o futuro da educação digital
Compreender a BNCC Computação na Educação Básica é entender que ela não representa apenas um novo conteúdo curricular, mas sim um eixo estruturante da educação contemporânea. Na Educação Infantil, ela surge por meio da ludicidade desplugada; nos Anos Iniciais, ganha forma em atividades que conectam algoritmos ao cotidiano; e, nos Anos Finais, culmina na autonomia, na criação de projetos e na reflexão crítica sobre ética e cidadania digital.
O grande desafio, agora, é transformar esse potencial em prática pedagógica consistente. Para isso, o protagonismo docente é essencial. Nesse processo, a Formação Continuada Jovens Gênios se consolida como uma parceira estratégica, oferecendo recursos, cursos e metodologias ativas que fortalecem o papel do professor e tornam a Computação um componente vivo e significativo nas escolas.
Dessa forma, este movimento não encerra um ciclo, mas inaugura uma nova etapa para a educação brasileira. Ensinar Computação é formar cidadãos críticos, criativos e responsáveis, preparados para compreender e transformar o mundo digital em que vivem.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Componente Curricular Computação. Brasília: MEC, 2025. FUNDAÇÃO TELEFÔNICA VIVO. Guia de Implementação do Complemento à BNCC: Computação na Educação Básica. Observatório Movimento pela Base, 2023. UNDIME. Guia de Conectividade e BNCC Computação nos Currículos Municipais. 2023. JOVENS GÊNIOS. Formação Continuada Jovens Gênios: fundamentação teórico-pedagógica dos cursos de BNCC Computação.
