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IDEB 2024: Exemplos a serem seguidos



O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um dos principais indicadores da qualidade da educação no Brasil. Criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o IDEB tem como objetivo medir a qualidade da educação básica no país, levando em consideração dois fatores: o desempenho dos alunos em exames nacionais de larga escala (como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB) e as taxas de aprovação escolar. À medida que nos aproximamos do IDEB 2024, algumas escolas e redes de ensino se destacam como exemplos a serem seguidos, revelando práticas e políticas que podem inspirar melhorias em todo o território nacional.


O Que Esperar do IDEB 2024?


Nos últimos três anos, a educação no Brasil passou por desafios imensos, muitos deles impulsionados pela pandemia de COVID-19. O fechamento das escolas, as dificuldades na implementação do ensino remoto e as desigualdades regionais no acesso à tecnologia afetaram profundamente o desempenho dos alunos e a continuidade da aprendizagem. Segundo um relatório do Banco Mundial (2021), a pandemia pode ter aumentado em até 3 anos o atraso educacional de estudantes no Brasil. Isso coloca ainda mais pressão sobre o IDEB 2024, que será um reflexo direto do impacto dessa crise.


Apesar disso, existem iniciativas promissoras que apontam caminhos para a melhoria da educação básica no Brasil. O IDEB 2024 terá a missão de avaliar a recuperação do ensino após a pandemia e identificar quais políticas públicas e práticas pedagógicas conseguiram superar os desafios do período.


Práticas e Exemplos de Sucesso no IDEB


Nos últimos anos, algumas escolas e redes de ensino se destacaram no IDEB por suas estratégias inovadoras e bem-sucedidas, provando que é possível melhorar a qualidade do ensino mesmo em contextos adversos. Vamos explorar alguns exemplos de práticas e políticas que podem ser seguidas para garantir uma educação de qualidade em todo o Brasil.


1. Educação Integral: O Caso de Pernambuco


O estado de Pernambuco é um exemplo notável de como a educação integral pode impactar positivamente o desempenho no IDEB. Desde 2008, o estado implementa o Programa de Educação Integral, que visa oferecer uma jornada escolar ampliada aos alunos da rede pública. Com isso, os estudantes passam mais tempo na escola, envolvidos em atividades acadêmicas, esportivas, culturais e de reforço escolar.


Segundo o Relatório do IDEB de 2022, Pernambuco se destacou como um dos estados com melhores resultados no Ensino Médio, alcançando índices superiores à média nacional. O sucesso dessa política está na capacidade de envolver os estudantes em múltiplas dimensões do aprendizado, além de melhorar a infraestrutura das escolas e a formação dos professores.


Citação: De acordo com Carvalho (2020), “a educação integral tem o potencial de formar cidadãos mais completos, capazes de atuar de forma crítica e reflexiva na sociedade, pois vai além do conteúdo tradicional, abraçando uma formação mais ampla”.


2. Uso de Tecnologia e Educação a Distância: Sobral, Ceará


A cidade de Sobral, no Ceará, é outro exemplo de sucesso no IDEB. Reconhecida como uma das melhores redes municipais de ensino do Brasil, Sobral investiu fortemente na formação de professores e no acompanhamento pedagógico dos estudantes. Durante a pandemia, a cidade conseguiu manter o nível de aprendizagem por meio do uso de tecnologias digitais e aulas remotas, garantindo que o impacto no desempenho dos alunos fosse minimizado.


O uso de plataformas educacionais, somado ao foco no ensino de leitura e escrita desde os primeiros anos escolares, permitiu que Sobral mantivesse índices elevados no IDEB. O Projeto Tempo de Aprender, implantado no município, é um exemplo de como a educação a distância pode ser eficaz quando acompanhada de estratégias pedagógicas consistentes e monitoramento contínuo dos resultados.


Segundo Meirelles (2021), “a experiência de Sobral demonstra que, quando há continuidade nas políticas públicas e foco no acompanhamento dos estudantes, é possível superar desafios estruturais e regionais e atingir altos padrões de qualidade educacional”.


3. Parceria com a Comunidade: O Programa “Mãos à Obra” de Goiás


Outro exemplo a ser seguido é o Programa Mãos à Obra, desenvolvido em algumas escolas públicas do estado de Goiás. A iniciativa consiste em envolver ativamente a comunidade escolar – incluindo pais, professores e alunos – na gestão e melhoria da infraestrutura das escolas. O projeto busca criar um ambiente mais acolhedor e estimulante para a aprendizagem, o que impacta diretamente no desempenho dos alunos e, consequentemente, nos resultados do IDEB.


Além disso, o programa se alinha com o conceito de educação colaborativa, que entende a escola como um espaço em que todos os atores da sociedade têm um papel a desempenhar. Isso se traduz em uma maior integração entre a escola e a comunidade, o que fortalece o sentido de pertencimento dos alunos e gera resultados positivos no aprendizado.


De acordo com Freire (1987), “a educação não se dá de forma isolada, mas é um ato coletivo que só pode ser construído em conjunto com toda a sociedade. O aluno, ao se sentir parte ativa desse processo, tende a valorizar mais a escola e, consequentemente, melhorar seu desempenho acadêmico”.


4. Formação de Professores: O Exemplo de São Paulo


O estado de São Paulo é pioneiro na formação continuada de professores, oferecendo cursos e capacitações que visam alinhar a prática docente às necessidades contemporâneas da educação. Programas como o São Paulo Integral e o Centro de Mídias SP têm contribuído para melhorar o desempenho dos alunos, ao garantir que os professores estejam preparados para utilizar ferramentas tecnológicas e abordagens pedagógicas inovadoras em sala de aula.


A valorização dos professores também tem sido uma prioridade em São Paulo, com o aumento dos salários e a implementação de programas de mentoria, onde educadores mais experientes ajudam a guiar os novos profissionais da educação.


Desafios e Perspectivas para o IDEB 2024


O IDEB 2024 será um marco importante para avaliar o impacto das medidas educacionais implementadas nos últimos anos. O desafio maior é reduzir as disparidades regionais, que se tornaram mais evidentes com a pandemia. Segundo o INEP (2022), as regiões Norte e Nordeste continuam apresentando os índices mais baixos, devido à infraestrutura precária e à dificuldade no acesso à tecnologia.


Por outro lado, a retomada das aulas presenciais e o foco em políticas públicas de educação, como a Política Nacional de Educação Digital e o Novo Ensino Médio, são vistas como oportunidades para elevar os índices do IDEB em todo o país. A meta é que o Brasil, até 2024, consiga não apenas recuperar as perdas educacionais causadas pela pandemia, mas também superar os desafios históricos de desigualdade educacional.


O Futuro da Educação e o Papel do IDEB


O IDEB é mais do que um número; ele representa um termômetro da qualidade da educação no Brasil. Ao analisar os exemplos de sucesso, como os de Pernambuco, Sobral, Goiás e São Paulo, é possível perceber que, com políticas consistentes, formação de professores e o engajamento da comunidade, é possível promover uma educação pública de qualidade.


O futuro da educação no Brasil passa por inovações tecnológicas, educação integral e, principalmente, por um compromisso com a formação cidadã e o desenvolvimento crítico dos estudantes. O IDEB 2024 será um importante passo para medir esses avanços, mas, mais do que isso, será uma oportunidade de refletir sobre as práticas que têm dado certo e que podem ser replicadas em outras partes do país.


O IDEB 2024 será decisivo para avaliar o progresso da educação básica no Brasil. Os exemplos de sucesso que exploramos mostram que, mesmo diante de grandes desafios, é possível encontrar soluções inovadoras e eficazes para melhorar o ensino público. Políticas públicas voltadas à educação integral, o uso da tecnologia, a formação de professores e o envolvimento da comunidade escolar são caminhos promissores para garantir que o IDEB continue a ser um reflexo positivo do esforço nacional em busca de uma educação de qualidade.


Referências Bibliográficas

  • Banco Mundial (2021). Relatório sobre a Educação na América Latina pós-pandemia. Disponível em: https://www.worldbank.org

  • Carvalho, M. (2020). Educação Integral e Cidadania: Perspectivas Contemporâneas. Revista Brasileira de Educação, 25(1), 40-58.

  • Freire, P. (1987). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

  • INEP (2022). Relatório do IDEB. Disponível em: https://www.inep.gov.br

  • Meirelles, R. (2021). A Transformação Digital na Educação Básica: Lições de Sobral. Educação e Pesquisa, 28(3), 85-104.

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